Trekking pelo Monte Roraima

La Ventana

INTRODUÇÃO

A viagem ao Monte Roraima foi uma daquelas viagens que a gente deseja há anos e vive adiando o grande dia, seja por falta de tempo ou por falta de disposição (afinal são 7 dias de caminhada em circunstâncias bem rústicas).  Eu fui apresentada a este grande sonho pela minha mãe (uma andarilha nata) em 2009 e por diversos motivos fui adiando até abril de 2013, quando resolvi, finalmente, parar de ficar apenas suspirando sobre as fotos e encarar este desafio.

Encarei esta aventura com o meu namorado, Nando.  O plano inicial era bem maior do que apenas o Monte Roraima. Iríamos seguir para dentro da Venezuela, rumo a Canaima, para conhecer a Salto Angel (cachoeira mais alta do mundo) e depois emendar com o caribe venezuelano, mais especificamente o paraíso de Los Roques. Já tínhamos tudo planejado e pesquisado, mas, infelizmente, o Nando não conseguiu dias de férias suficientes e o valor da passagem de volta Caracas-Rio estava astronômica.

Assim, o plano passou a ser: sair do Rio de Janeiro de avião rumo a Boa Vista e de lá pegar um taxi para Santa Elena de Uairén (cidade de partida para a subida ao Monte Roraima) e voltar. Apesar de não termos tempo suficiente para fazer o plano inicial tínhamos mais tempo do que fazer apenas o bate e volta Monte Roraima. Juntando isso com o fato do vôo parar necessariamente em Manaus e eu ter um querido amigo morando lá, resolvemos prestigiar nossa terra amada e conhecer as maravilhas da Amazônia antes de ir para Boa Vista. Seria a nossa primeira vez na região norte. Mal podia esperar!!!

Antes de ir fizemos uma extensa pesquisa e ficamos muito em dúvida se valeria a pena subir o Monte Roraima com uma agência brasileira (a única que faz este passeio é a Roraima Adventure) ou se iríamos encarar 100% o estilo “la garantia soy yo” de viajar. Comparando os preços era algo assustador de diferente: R$1.950,00 (companhia brasileira) X R$548,00 (companhia venezuelana), ambos para 7 dias e 6 noites. Não dava para acreditar! Vimos que ambos ofereciam as mesmas coisas (guia, barraca para acampamento, saco de dormir, isolante térmico, comida e carregadores para levar estas coisas). Fizemos diversas pesquisas pelos relatos do mochileiros.com e vimos reclamações para ambos os lados. A partir disso, resolvemos encarar esta aventura com os nossos hermanos venezuelanos. Até porque desta forma iríamos vivenciar melhor esta experiência (chegando sozinhos na cidade de Santa Elena e caminhando pelas suas ruas ao invés de chegar com a van da agência de turismo direto para o ponto inicial da caminhada) e temos que admitir que a grande maioria das pessoas que vão ao Monte Roraima fazem este esquema. Não poderia dar de todo errado! Sendo assim, fomos rumo ao Roraima sem nada reservado, só com os nossos conhecimentos!

DIA 1 (31/03/2013)

La Gran Sabana

Transporte

Dia 31 de março de 2013, domingo de páscoa, saímos de Manaus às 12h30 e chegamos em Boa Vista às 14h. Como não queríamos dormir em Boa Vista e nem queríamos passar pela fronteira tarde, fechamos daqui, do Rio de Janeiro, com um taxi para nos buscar no aeroporto e nos levar direto para Santa Elena. O taxi era da companhia PACARAIMA (contato: 95 3623-0017). Quem nos levou foi o Arlon (marido da Sônia que nos atendeu pelo telefone 95 9123-2522). Os dois foram muito atenciosos com a gente. Fecharam o valor de R$150,00 por todo o percurso entre Boa Vista – Santa Elena (250km).

Outra forma de ir para Santa Elena é pegando um taxi coletivo. Para pega-lo você tem que ir através do taxi do aeroporto para o ponto do taxi coletivo (basta pedir para o motorista que eles sabem aonde fica este ponto). A companhia de taxi do aeroporto possui exclusividade dentro do aeroporto, não admitindo que nenhum outro taxi venha te buscar na porta do aeroporto (tanto que tivemos que ir para a porta do estacionamento para nos encontrar com o Arlon, o nosso taxista). Além disso, o preço de qualquer trecho dentro da cidade de Boa Vista é fixo no valor de R$30,00.

O taxi coletivo não vai até Santa Elena, ele para na fronteira brasileira, na cidade de Pacaraima. O preço Boa Vista – Pacaraima fica R$25,00 por pessoa. O esquema do taxi coletivo é o seguinte: eles saem quando tiverem pessoas suficientes para Pacaraima (5 pessoas). Isso é algo que acontece com frequência, não se espera muito para isso (não se preocupe!). O taxi vai te deixar na fronteira, onde você terá que andar até a Venezuela (um percurso de 2km que se faz rapidinho). Do lado da Venezuela você pega um outro taxi coletivo, no mesmo esquema, que vai te levar para Santa Elena, no valor de 20 bolivares (R$2,00).

Câmbio

Antes da fronteira só paramos em Pacaraima para trocar reais por bolivares no câmbio paralelo com um cara indicado, inclusive, pelo Arlon, o nosso taxista! O câmbio oficial estava 1 real por 3 bolivares, já o câmbio paralelo estava 1 real por 10 bolivares. Tem como recusar isso?!

Mas prestem atenção: como a maior nota de bolivares é Bs.F. 100,00, ou seja, R$10,00, se você fizer uma troca de grande monta você fica com MUITAS notas de bolivares e fica difícil contar todas e verificar se está tudo certinho. No nosso caso, fizemos uma troca relativamente grande. Trocamos cada um R$ 1.000,00 (Bs.F. 10.000,00). Para a nossa sorte, tanto o taxista como o rapaz do câmbio tiveram paciência com a gente e pudemos contar todas as notas dentro do carro antes de fechar negócio. Depois o desafio número 2 foi esconder todo aquele dinheiro! Impossível guardar na pouchette interna que geralmente se guarda o dinheiro em viagens.

Fronteira

A fronteira também era outro lugar que eu estava um pouco nervosa de passar, porque li muitos relatos de suborno e isso nos deixa impotentes perante a situação. Concordo com todos os relatos que dizem que é necessário, sim, ter muito cuidado na fronteira, porque eles são muito metidos a malandros.

Quando chegamos na aduana venezuelana com os nossos passaportes a responsável pelo controle nos obrigou a voltar para a aduana brasileira para carimbar a nossa saída, para só depois carimbar a nossa entrada. Sem muito como argumentar, eu obedeci, mas quando eu voltei, 5 minutos depois, por volta das 16h20 (perceba que era um horário quebrado!), eles tinham fechado a aduana e o militar que controla a entrada e saída de carros nos informou que só teria gente no dia seguinte. Fiquei chocada com tamanha desordem! Mas fica a dica: não deixe de carimbar o passaporte na saída do Brasil para entrar na Venezuela.

Depois ainda descobri que não era necessário passaporte para brasileiro entrar na Venezuela, bastava a identidade. Neste caso, eles te dão um papel de Permiso, que você terá que entregar na saída.

Enfim, eu só consegui resolver o problema que a oficial da aduana nos colocou com a ajuda do Arlon, o taxista. O Arlon nos levou para dentro da Venezuela sem o carimbo mesmo, pois é possível circular pelas duas cidades (Pacaraima e Santa Elena) sem formalidades, mas se você for fazer qualquer coisa um pouco mais longe, vão te exigir as devidas formalidades. Apesar do Monte Roraima ser na fronteira, os fiscais que ficam na aldeia  de onde partimos para a caminhada fiscalizam o passaporte e todo o resto.

Já dentro da Venezuela, Arlon nos levou para a casa de um funcionário da aduana, que carimbou os nossos passaportes em troca de 100 bolivares (R$10,00). Foi uma situação bem desconfortável, mas tivemos que “dançar conforme a música” !

Gasolina

Como todo mundo sabe, a gasolina na Venezuela é estupidamente barata (desculpa a palavra, mas não encontrei melhor para extravasar a minha indignação)! O litro da gasolina é 0,1 bolivares. Um iogurte equivale a três tanques de gasolina cheios! É algo inacreditável!!

Antes de ir para o hotel, Arlon pediu permissão para abastecer o carro, já que estávamos perto da onde ele abastecia e nós não vimos problema nenhum nisso. Mas para a nossa surpresa, Arlon nos levou para uma casa residencial de um venezuelano. Demorei alguns minutos para entender que Arlon estava comprando gasolina no mercado negro. O preço da gasolina para estrangeiro é ligeiramente maior do que para os venezuelanos e o Arlon estava querendo se beneficiar dessa diferença. Me deu a impressão de que isso era uma prática comum entre os venezuelanos e os brasileiros que viviam na fronteira.

Hotel em Santa Elena

Em frente ao Backpacker Tours

Antes tarde do que nunca chegamos ao hotel por volta das 19h. Ficamos no hotel Michelle. Tentamos primeiro a hospedagem ao lado, na Pousada Backpacker, mas estava fechada. A fachada da Backpacker é bem mais bonitinha do que o Hotel Michelle, mas o conteúdo é praticamente o mesmo! Ambos tem wi-fi, diferentes opções de quartos (todos com banheiro dentro), os preços são iguais, etc.

Sobre os preços, o quarto individual era Bs.F.80,00 (R$8,00), o duplo era Bs.F.120,00 (R$12,00), o triplo era Bs.F.180,00 (R$18,00) e o coletivo era Bs.F.60,00 por pessoa (R$6,00). O quarto aonde ficamos era espaçoso, mas tinha um aspecto sujo (cores da parede desbotadas e com mofo no teto). Se eu tivesse que resumir em poucas palavras o quarto chamaria de “espelunca limpa” (apesar da cara de suja). O hotel ainda nos disponibilizou toalhas. É certo que as toalhas eram cortadas ao meio (isso mesmo que você leu!), cada toalha equivalia a meia toalha (economia porca!). Tinha água quente (chuveiro elétrico, inclusive, dava para ver os fios do chuveiro expostos). No nosso quarto tinha janela, mas soube que nem todos possuem e isso deve ser bem desagradável. Acho que nenhum quarto coletivo tem janela para fora, mas apenas janelas para o corredor. Enfim, achei que o custo x benefício valeu a pena. Ah… E não posso esquecer de falar: o wi-fi deles era muito bom! Consegui acessar todos os dias a internet e mandar fotos para os meus amigos, etc.

Agência

No mesmo dia ainda conhecemos o Francisco Alvarez, do Turistico Alvarez (0414-385.2846/854.2940 – rstagransabana@hotmail.com), com quem acabamos fechando o nosso pacote de 7 dias e 6 noites ao Monte Roraima. Ele vive fazendo visitas pelo Hotel Michelle procurando mochileiros para oferecer pacotes. O Francisco é venezuelano, mas fala MUITO bem inglês (inclusive, prefere falar inglês ao invés de espanhol com os estrangeiros), simpático, tagarelo, mas me passou a imagem de “charlatão”.

Por causa dessa imagem, eu até fui tentar fazer uma pesquisa de preço e opções de pacotes no dia seguinte com a Backpackers Tours e a resposta que a mulher da agência me deu foi bem curta e grossa: “aqui é o mesmo preço e esquema do que o Francisco te falou!” Foi nessa hora que eu confirmei o que eu já tinha lido sobre as agências venezuelanas trabalharam num tipo de cartel, tabelando todos os preços.

O Francisco tentou forçar a barra para fecharmos um pacote de 6 dias e 5 noites, que eu já sabia que era o padrão, mas como bati o pé que queria fazer em 7 dias, ele consentiu. A única condição que ele deu foi que só era possível subir com um grupo de, no mínimo, 4 pessoas, pois menos que aquilo não era economicamente viável para agência. Rapidamente, no mesmo dia, conseguimos mais duas pessoas do nosso albergue que toparam ir com a gente (um japonês e um suíço). Poderíamos partir no dia seguinte, mas o Francisco pediu 24h para ele organizar melhor os detalhes do trekking, como comprar os alimentos necessários, devido ao tardar da hora (já passava das 22h). Nós quatro entendemos e aceitamos, fechando para começar a caminhada na terça-feira (02/04/13).

Além do pacote Mt Roraima, ainda contratamos com o Francisco um carregador extra para nos ajudar na caminhada. Assim, eu e o Nando só tivemos que levar o mínimo necessário (casaco, biquíni, toalha, água, besteiras para comer na caminhada e máquina fotográfica) e as demais roupas e os sacos de dormir o carregador extra levaria. Para isso ele cobrou 350,00 bolivares (R$35,00) extras por dia, dando no total R$245,00 extras. Foi o melhor investimento da viagem! Pudemos aproveitar bem melhor toda a experiência!

DIA 02 (01/04/2013)

La Gran Sabana

La Gran Sabana

Como tínhamos a segunda-feira toda livre e a cidade não tem nada para fazer, pedimos para o Francisco arrumar um passeio pela linda Gran Sabana. O dia estava muito quente e ensolarado e eu queria muito tomar uma ducha de cachoeira. O Francisco disse que era muito difícil, pois a alta temporada tinha acabado na semana anterior (a alta temporada inicia em dezembro e vai até a semana santa) e que não havia procura e não era viável mobilizar um guia e um carro para 10 pessoas apenas para um casal, bla, bla, bla, mas ele ia tentar fazer o possível.

Depois do café-da-manhã, que por sinal foi bem gostosinho, pois achamos uma padaria bem parecida com as padarias brasileiras, só tinham menos opções, mas eu pude comer o bom e velho pão na chapa com queijo e suco de laranja (tinha opção de café também), tivemos a boa notícia que o Francisco tinha arrumado um guia disposto a nos levar para conhecer a Gran Sabana. Além disso, ele descolou um paulista que também estava interessado no passeio. Acabou saindo R$60,00 para cada pessoa, com direito ao almoço.

O passeio foi uma delícia! Vimos vistas maravilhosas! Mergulhamos em duas cachoeiras e uma tinha direito a caminhar por entre a água e a pedra, tendo a visão da queda d`água por dentro! Foi mágico! Sem falar que tivemos maior sorte com o guia! O nosso motorista/guia foi o Maximo Hernandez (https://www.facebook.com/Maxiher?fref=ts / maxiher40@gmail.com / 0416-240.4105 e 0426-849.3747), um venezuelano, que só falava espanhol (mas se esforçava para entender o nosso portunhol) e era apaixonado pela Gran Sabana. Ele é uma pessoa incrível e enriqueceu bastante o nosso dia! Uma pessoa extremamente carinhosa e atenciosa! Ele ficou passeando com a gente até o sol se pôr, só nos devolvendo à noite.

La Gran Sabana La Gran Sabana La Gran Sabana

          La Gran Sabana La Gran Sabana La Gran Sabana

La Gran Sabana

Comida

A comida nesta região da Venezuela não é nem um pouco variada. Os restaurantes nem sequer possuem cardápio. As opções são sempre frango assado ou carne assada acompanhado com arroz, mandioca e salada com repolho, pepino e cenoura. Tudo muito simples e pouco temperado. Eu só comi frango assado e, apesar da falta de opção, eles sabem fazer um excelente frango assado! Neste dia do passeio pela Gran Sabana, o frango era assado num forno a lenha deixando o frango ainda mais delicioso. Gostei muito!

DIA 03 (02/04/2013)

O nosso primeiro dia de caminhada começou tarde, como praxe das agências que fazem este passeio. Eu não gosto muito, porque só começamos a caminhar de fato no sol das 13h.

Guia

Esperando o translado no albergue, descobrimos que mais 4 pessoas iam se juntar ao nosso grupo (dois japoneses, um francês e um belga). E fomos apresentados para o nosso guia, que nos acompanharia nos 7 dias de caminhada, o Fernando. O Fernando era um venezuelano, com traços indígenas, baixinho, todo metidinho a moderno, usava gel no cabelo para ficar para cima (estilo porco espinho) e usava roupa e acessórios fakes de marcas famosas (ex.: ele usava um óculos escuros da Dolce & Gabbana). Ele realmente tinha um estereótipo de fazer rir. Além disso, logo, logo, íamos descobrir que de guia ele só tinha o título, porque ele jamais andou na nossa frente (salvo em algumas raras circunstâncias quando estávamos no topo) e em nenhum momento se preocupou em nos mostrar ou ensinar nada. Nem o sapinho preto, típico do topo do Mt Roraima, ele se preocupou em pegar e nos mostrar. Quem fez isso foi o belga do nosso grupo que fizemos amizade ao longo da caminhada.

Ainda tem mais: nas poucas vezes que ele decidia nos guiar no topo do monte, ele andava tão rápido, tão rápido, que se você olhasse para a vista ao invés do chão você tropeçava ou se você parasse para tirar uma foto, você o perdia de vista. Era realmente bem desconfortável ser “guiada” por ele.

Eu fiquei muito triste e insatisfeita com isso! Com certeza eu perdi muito da experiência por causa disso, mas nem sei dizer o que eu perdi, porque a ignorância nos cega. A impressão que passou para todos é que o Fernando era simplesmente um carregador que por ter o título de guia era quem organizava o que os demais carregadores iriam fazer. Nada mais do que isso.

Depois dessa minha experiência, indico que todos prestem bem atenção nesse fato e insistam na agência que vocês fazem questão de um guia muito bom! Quando eu voltei me preocupei em conversar com outras pessoas para ver se elas tinham tido melhores impressões dos seus guias e consegui pegar dois nomes de guias super bem indicados: Ricky do Backpacker tours e Gustavo Adolfo la Riva (http://migre.me/eg9ix).

Comida

O translado saiu por volta das 11h do albergue, chegando por volta de 12h30 no ponto de partida da caminhada. Nesta altura todos estávamos com fome e os carregadores e o guia prepararam uns sanduíches de salada e queijo com direito a suco em pó TANG de framboesa antes de começar a caminhada.

Falando nisso, sobre a comida não tenho nada a reclamar! A comida, em geral, foi muito boa e abundante! De manhã eles faziam uns pães na hora que vinham quentinhos (Delícia!)! Caía muito bem naquele friozinho matinal. Vinha acompanhado com queijo, salada ou omelete (sempre bem temperado). Para beber eles ofereciam café e chá. No almoço era sempre uma salada (pepino, repolho, cenoura, cebola) com alguma proteína, na maioria das vezes atum e um suco em pó.  E no jantar era uma massa (espaguete com carne moída, ou linguiça). Era tudo muito bem temperado e gostosinho. Eles também faziam muita comida, podendo repetir cada prato.

Apesar de toda esta fartura, valeu muito a pena eu ter me prevenido e ter levado algumas comidinhas extras para beliscar. Levei barras de chocolate que eu devorei no frio, levei um saco de cream cracker que também foi devorado quando a comida demorava para ficar pronta, levei bananas passas e levei uns gels energéticos que sobraram (tinha levado um para cada dia, mas só tomei dois).

1° dia de trekking (13km)

1° dia de trekking

O primeiro dia de trekking é muito tranquilo. A gente caminha cerca de 4 horas até o acampamento. A caminhada é, em geral, levemente inclinada, com algumas surpresas no caminho mais íngremes. Mas a vista é estonteante. Cada vez você tem uma melhor visão do Roraima. É incrível!

O primeiro acampamento (camp Tok) é um luxo comparado com os outros. Tem mesa e bancos de madeira para a gente fazer a nossa refeição e colocar o papo em dia. Tem luz elétrica!!!! E ainda um barzinho que vende cerveja! Quer coisa melhor que isso?!

1° dia de trekking 1° dia de trekking 1° dia de trekking

1° dia de trekking 1° dia de trekking 1° dia de trekking

 Banheiro

Não, não tem banheiro nesse primeiro acampamento! Não iam te dar esta molezinha! Então, tivemos que já experimentar o banheiro natural! Eu já tinha lido que o xixi no Mto Roraima era liberado (faz aonde quiser), mas o número 2 tinha que fazer num tubo de pvt, bla, bla, bla,… Só sei que não teve nada disso com a gente.

Já antecipo que eu, felizmente, não precisei ir ao banheiro ao longo dos 7 dias! Mas o Nando precisou e me contou a experiência. Eles te dão um saco plástico para fazer o número 2. Quando o Nando foi devolver o saco, fechado e lacrado para um dos carregadores ele informou que era a gente que tinha que levar os excremento. O Nando se negou, então, o carregador jogou o saco num canto, aonde vimos depois alguns outros sacos com o mesmo conteúdo e com muito cal em cima. Infelizmente, muitas pessoas não cuidam do Roraima como deveria. Não vimos nenhum tubo e duvido que eles tenham recolhido estes sacos na volta.

 DIA 4 (03/04/2013)

2° dia de trekking

2° dia de trekking (8km)

O segundo dia é mais pesadinho. De cara você tem duas travessias de rio para fazer. Como eu fui no final da época de seca, os rios estavam bem baixos (Ufa! Não curto a combinação de pedra + água juntos!). O primeiro deu para passar pulando de pedra em pedra. O segundo rio era mais volumoso e tivemos que tirar as botas e fazer a travessia com as meias (Dica: as meias não deixam você escorregar!). Como o guia estava lááááá longe (atrás da gente), nos atrapalhamos um pouco nesse momento e o Nando escorregou enfiando toda a perna na água. Só conseguimos completar a travessia depois que o guia chegou e nos deu uma mão. Já na volta, neste mesmo rio, nem sequer precisamos tirar as botas, conseguimos atravessar pulando de pedra em pedra.

Depois dos rios, o desafio foram as subidas!!! Subimos bastante! Paramos muito! O grupo era ótimo e fizemos rapidamente amizade com todos! Então, todo mundo parava o tempo todo para conversar, fazer piadas, etc. Este, sem dúvida, foi um dos pontos altos do passeio. Apesar de mais cansativo, mais erodido e com subidas mais íngremes, também levamos 4 horas para chegar no Campo Base.

No Campo Base pudemos ver a grandiosidade do Monte Roraima. Estávamos bem próximo da parede e parecia impossível subir tudo aquilo. Não conseguíamos ver a trilha até o topo, mas apenas o muro!

Neste acampamento foi aonde eu tomei o banho mais frio da minha vida!!!! Jesus! Fico com frio só de pensar!! Foi perrengão, mas valeu a pena, porque no dia seguinte acabou que eu não consegui tomar banho por causa do frio no topo.

As fotos desse acampamento ficaram lindas! A proximidade do Roraima, a vista do vale e a visão do tepuy vizinho (como chamam este tipo de montanha do formato do Roraima) era deslumbrante! Não parava de tirar fotos! E todas dos mesmos lugares! Cada mudança na nuvem, no sol, nas sombras, era desculpa para tirar mais uma foto!

        3° dia de trekking 3° dia de trekking 3° dia de trekking

3° dia de trekking

3° dia de trekking 3° dia de trekking 3° dia de trekking

3° dia de trekking

DIA 05 (04/04/2013)

3° dia de trekking

3° dia de trekking (4,5km)

Acordamos animados rumo ao topo do Roraima!!! O tempo estava lindo!

Os primeiros 500m são de se subir chorando! O caminho estava extremamente erodido! Tinham verdadeiras valas no meio da trilha. Foi preciso ter muito fôlego e paciência neste trecho. O que você faria em 20min. você faz em 40min. por causa da condição da trilha.

Depois desta primeira etapa você alcança, em fim, a parede do Roraima e começa a contorná-la. A vegetação fica mais densa, você entra numa floresta tropical. Neste momento, a caminhada é sempre subindo, mas nada de se assustar.

Umas 2 horas de caminhada depois você avista o Paso de Las Lágrimas, o trecho mais difícil da subida! É uma subida extremamente íngreme, pedregosa, e com direito a cachoeira caindo em cima de você. Quando eu fui, a cachoeira respingava água, dando a sensação de uma chuva mediana, não chegou atrapalhar a nossa visão, mas tivemos que prestar muita atenção nas pedras molhadas.

Passando este desafio você está a poucos metros do topo. Mais uns 20min e você chega lá! A sensação de chegar no topo é indescritível!!!! Você vê toda aquela imensidão, pedras enormes de todos os formatos, você se sente no mundo dos gigantes e você uma formiguinha. Levamos cerca de 4 horas para subir.

Assim que chegamos, tivemos que esperar o nosso guia, que estava lá atrás, para ir para o acampamento (chamado de Hotéis), já que existiam vários no topo e nós não sabíamos qual seria o nosso. E nessa espera quem veio nos recepcionar foi o curioso sapinho preto que não pula e só existe no Roraima. Com este sapo eu até perdi o nojo de pegar!

Os ditos Hotéis são cavernas nas rochas. O nosso tinha uma vista linda, mas quando o tempo virou e trouxe as nuvens ficamos totalmente desprotegidos. E isso aconteceu neste primeiro dia no topo e no segundo dia que caiu uma chuva à tarde que só foi parar no dia seguinte.

No topo, o dia estava meio nublado, deixamos nossas coisas no acampamento, almoçamos e o guia nos levou para conhecer as Jacuzzis. Mas como havia uma nuvem que sempre estava nos acompanhando, baixando consideravelmente a sensação térmica, eu não tive coragem de tirar a roupa para mergulhar na água gélida e, assim, passei o meu primeiro dia sem banho (Eca! rs). Ainda bem que eu levei os meus paninhos umedecidos para esses casos e tomei um banho de gato! hehe

           3° dia de trekking 3° dia de trekking   

           3° dia de trekking Paso de Las Lágrimas 

             Paso de Las Lágrimas   

4° dia de trekking Hotel no topo (4° dia de trekking) 4° dia de trekking

DIA 06 (05/04/2013)

4° dia de trekking

4° dia de trekking (Ponto Triplo, Vale dos Cristais e El Fosso)

O dia amanheceu ensolarado e decidimos ir até o Ponto Triplo, conhecendo o Vale dos Cristais e o El Fosso pelo caminho. A ida e volta durou umas 7h. O guia foi acompanhado com um carregador que levou o necessário para fazer o nosso almoço no El Fosso.

A vista da caminhada é deslumbrante! Passamos por vales de pedras, lagos encobertos de verde e formações rochosas intrigantes. Não pude documentar bem o dia por causa da pressa do nosso guia na ida, e na volta, infelizmente, fomos surpreendidos por uma chuva interminável. Ficamos todos morrendo de frio e molhados (a capa de chuva não deu vazão para todas aquelas 2 horas de caminhada na chuva)!!!! Voltamos como pintos molhados para o acampamento (não tomei banho, é claro!), colocamos roupas secas e ficamos todos juntinhos esperando o nosso jantar quentinho.

Foi muito desagradável este fim de dia! Já estava decidida em descer caso o dia seguinte acordasse com esta chuva chata.

4° dia de trekking 4° dia de trekking 4° dia de trekking

4° dia de trekking

          4° dia de trekking 4° dia de trekking 4° dia de trekking        4° dia de trekking

Vale dos Cristais Vale dos Cristais 4° dia de trekking

4° dia de trekking

DIA 07 (06/04/2013)

5° dia de trekking

5° dia de trekking (La Ventana)

Para a nossa surpresa, o 5° dia amanheceu com o sol raiando e foi o dia mais bonito do topo!!!! Ficamos com medo que o tempo desse alguma reviravolta como no dia anterior e fomos para La Ventana antes de tomar o café-da-manhã para garantir a vista mais bonita do topo do Roraima. E valeu a pena!!!! La Ventana é realmente incrível!!!! Levamos uns 40min para chegar lá e eu não queria mais ir embora!!!! Tirei MTAS fotos, sentei, meditei, apreciei, etc. Que lugar mais mágico!!!! Todo o esforço valeu a pena por aqueles minutos tendo o prazer de ver toda a imensidão do vale, a grandiosidade do Roraima e as nuvens aos nosso pés! É indescritível! Isso sim era felicidade plena!

Depois voltamos para o nosso acampamento para tomar o nosso café-da-manhã! Comemos e tivemos algumas horas livres para circular na região. Foi ótimo! Eu e Nando ficamos relaxando numa pedra, do lado do lago que tinha próximo ao acampamento, apenas papeando e descansando. O sol estava forte, mas nem sentimos muito por causa do ventinho frio que fazia lá em cima.

Depois do almoço o guia caminhou um pouco com a gente até uma caverna e depois até o ponto mais alto do Roraima. O tempo estava lindo e foi uma delícia esse dia. Ah… E devido ao bom clima, eu pude voltar a tomar banho! Ufa! rs

DICA

Eu não tomei os devidos cuidados com o sol e paguei caro por isso. Tive queimaduras leves na boca e na orelha (lugares onde eu não passava o protetor). Não deixem que o vento fresco esconda a força do sol! Ele está ali e queima muito!

         La Ventana La Ventana La Ventana

         La Ventana 5° de trekking 5° de trekking

DIA 08 (07/04/2013)

6º dia de trekking

6° dia de trekking (dia mais pesado!)

O sexto dia foi o mais cansativo de todos! Tudo que se caminha no 2° e 3° dias você faz no 6° dia. Não sei porque as pessoas acham que a descida é mais fácil do que a subida. Sem dúvida é menos ofegante, mas na descida tenho que prestar muito mais atenção aonde eu piso e me preocupar com os meus joelhos.

Caminhamos pela manhã até o acampamento base, aonde tivemos um bom descanso e almoçamos. Depois, na parte da tarde, continuamos até o nosso primeiro acampamento (Camp Tok). Foi uma caminhada longa, cerca de 6 horas! Em todos os outros dias não fiquei dolorida, mas este dia me deixou quebrada.

 DIA 09 (08/04/2013)

7° dia de trekking

7° dia de trekking

O 7° e último dia é tranquilo, tranquilo… Depois de tudo que se passa, estes últimos km devem ser caminhados com muita calma e se despedindo do Roraima.

Quando chegamos no fim da trilha, na aldeia indígena, fomos revistados pelos fiscais do parque (não pode trazer nada do parque, nem uma pedrinha sequer) e depois ficamos a espera do nosso translado. Como o translado demorou muito, quando chegamos no restaurante na beira da estrada para almoçar, por volta das 14h, a comida já tinha acabado. Tivemos que esperar chegar em Santa Elena para almoçar. Foi muita falta de organização! Ficamos morrendo de fome! Só almoçamos 15h e pouca.

DIA 10 (09/04/2013)

Taxi Coletivo

Na volta para Boa Vista resolvemos experimentar o serviço do taxi coletivo. Pegamos o taxi coletivo na praça em Santa Elena e fomos até a fronteira (R$2,00 por pessoa). Foi muito rápido e fácil! Carimbamos o nosso passaporte na saída da Venezuela e caminhamos até o Brasil (cerca de 15min).

No Brasil, por sermos brasileiros, não precisamos carimbar a entrada no Brasil, mas os nossos novos amigos gringos, que fizemos na caminhada, tinham que carimbar e não é que para a nossa surpresa a Aduana brasileira estava fechada!!!! Descobrimos que a Aduana brasileira fecha de 12h – 14h para almoço, e como chegamos 12h30, demos com a porta na cara.

Como não estávamos com pressa (o vôo só saia 2h), paramos num restaurantezinho que tem na esquina da Aduana brasileira e almoçamos e batemos papo. Depois das 14h, os gringos regularam a situação deles e pegamos um outro taxi coletivo rumo a Boa Vista (R$25,00). Tudo também muito fácil e rápido. Os carros eram bons, com aparência de novos. E o taxista te deixa aonde você quiser em Boa Vista. Adorei o serviço.

Boa Vista

Em Boa Vista, ficamos no Hotel de Trânsito Militar, que era muito bem localizado (1,5km do aeroporto e próximo de um centro de alimentação). Fomos a pé ao centro de alimentação para jantar. Dormimos cedo e as 1h da manhã tocou o despertador para pegarmos o taxi rumo ao aeroporto, que cobrou R$30,00 reais a viagem de 1,5km (Absurdo!!!).

Apesar de qualquer perrengue que se passa nesse tipo de viagem, a experiência foi maravilhosa! E fiquei muito grata de poder realizar este meu sonho!

Despesas por pessoa:

  • Boa Vista – Santa Elena – R$75,00
  • Hotel Michelli (3 noites) – 3xR$6,00 = R$18,00
  • Passeio La Gran Sabana – R$60,00
  • Mto Roraima 7 dias – R$548,00
  • Carregador extra (dividi com o Nando) –  R$122,50
  • Santa Elena – Boa Vista – R$27,00
  • Hotel de Trânsito Militar – R$30,00
  • Taxi hotel – aeroporto – R$15,00
  • Refeições – R$100,00
  • Passagens – Rio/Boa Vista/Rio – 20.000 Milhas (GOL)

Total = R$996,00